A corrida de Emily: vencer o cancro duas vezes

Emily Knerr nunca sonhou em ser a rainha do baile da sua escola.

“Estava muito ocupada a tentar sobreviver a dois cancros do ovário”, conta.

Por isso, quando a jovem foi anunciada como a rainha do baile de Escola de Hoover, nos Estados Unidos, a reação inicial foi de choque.

“Foi uma surpresa enorme. Não estava nada à espera disto. Foi muito emocionante, não só, ter sido escolhida para ser a rainha do baile, como também por ter tido as minhas amigas ao meu lado. Adorei quando elas correram até mim e me encheram de abraços”.

Para a mãe de Emily, Amanda, o momento foi muito especial, especialmente quando esta mulher viu a reação da sua filha de 17 anos.

“Significou muito para ela que os seus colegas tivessem votado nela para ser a rainha do baile. A escola é enorme, tem muitos alunos, e ela foi a escolhida. Ela já superou muita coisa, mas nunca usou o cancro como desculpa. Lutou sempre e nunca se ‘armou em vítima’. Nada detém”.

O diagnóstico

O dia 7 de outubro marcou o aniversário de 11 anos do primeiro diagnóstico de cancro de Emily, em 2009; a jovem tinha apenas 6 anos.

Tudo começou com dores de estômago e nas pernas; a suspeita era de que Emily tinha uma apendicite aguda. Depois de vários exames, os médicos decidiram que a menina precisava de uma cirurgia, uma vez que lhe havia sido detetado um tumor. Após a cirurgia, os médicos confirmaram o pior: Emily tinha um carcinoma de pequenas células do ovário, um tumor com uma taxa de mortalidade de 94%.

Na altura, a família estava a mudar-se de Miami para Birmingham; quando se instalaram na nova cidade, Emily ficou internada no Children’s of Alabama Hospital.

“Foram três cirurgias, seis rondas de quimioterapia agressiva, 30 dias de radioterapia, 60 dias de terapia com o fármaco Avastin e um transplante de células estaminais”, conta a jovem.

Passados 2 anos, em janeiro de 2011, Emily foi considerada como estando em remissão.

Mas, infelizmente, em novembro de 2015, pouco antes do seu 13º aniversário, “os exames mostraram que o cancro tinha regressado”.

“Foi um choque. Fiquei tão chateada. Não queria ter de repetir tudo outra vez, ter de sofrer tudo o que já tinha sofrido, ter de fazer a minha família passar, outra vez, pela mesma situação”.

Desta vez, Emily foi “apenas” sujeita a uma cirurgia e a algumas sessões de quimioterapia; “ainda assim, perdi todo o meu cabelo, cílios e sobrancelhas”.

Felizmente, tudo correu bem e há 3 anos que Emily está, novamente, em remissão.

Sabor a vitória

A semana passada, no dia em que se assinalou a data do seu primeiro diagnóstico, Emily aproveitou para refletir sobre a sua jornada.

“É uma loucura pensar que já se passaram 11 anos desde o primeiro diagnóstico. Parece que toda a minha vida girou em torno do cancro. E, ao mesmo tempo, é incrível como, em alguns dias, nem me lembro que tive de passar por isto tudo”.

Embora curada, este ano “tem sido muito desafiador” para Emily que, “como sempre, tenta tirar o melhor de todas as situações”, conta a sua mãe.

“Nós quase que já estamos habituados a viver entre a incerteza, o medo e o isolamento. Aprendemos há muito tempo que precisamos de desfrutar o dia a dia. Cada dia conta, e a vida é muito curta para viver ou para tomar decisões com base no medo”.

Já Emily está mais feliz do que nunca; prestes a acabar o ensino secundário, a sobrevivente mal pode esperar para dar início à sua vida de universitária.

Durante o ensino secundário, Emily encontrou duas novas paixões: o cross-country e o atletismo.

“Adoro o facto de não me sentir diferente. Sou apenas mais uma na equipa, não ‘a sobrevivente de cancro que corre’”.

“A Emily trabalhou muito para atingir o patamar onde está. Ela é uma ótima atleta, muito focada e persistente. É um prazer enorme trabalhar com ela”, revela o seu treinador, Devon Hind.

“Correr permitiu-me manter a minha sanidade mental. O período em que não pude correr foi sufocante. Quando estive internada, desta última vez, só pensava em sair, e correr e sentir-me livre. Quando pude finalmente fazê-lo, foi libertador”.

A mãe de Emily não tem dúvidas que foi o seu amor pelo desporto que deu força à sua filha, “deu-lhe um propósito, impulso e saúde”.

A eterna incerteza

Apesar de feliz, e curada, Emily admite que existem dias em que o receio se apodera de si.

“Não é sempre, mas às vezes penso ‘E se o cancro voltar?’. Mas não deixo que isso me afete. Tento logo pensar em outra coisa. Só me permito pensar nisso quando minutos antes de ser submetida aos exames de rotina”.

Uma constante na vida de Emily é o apoio que recebe da sua família.

“Eu amo-os. São tudo para mim. A minha mãe, o meu pai, as minhas irmãs… São o meu mundo!”.

Fonte: Over The Mountain Journal

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